terça-feira, 28 de junho de 2011

A Máquina

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Yo! Quanto tempo, heim?

Da última vez que postei algo no blog eu literalmente sumi, hehe.

Mas enfim, to com uma listinha de contos já preparadas (ao menos) pra postar por aqui, e manter um pouco a periodicidade dessa vez.

Pra começar, vos apresento :



A MÁQUINA


O sol já estava pela metade no horizonte, e desaguava em laranja abundante. Primeiro ouviu-se galopes, e então, surgiu o cavaleiro. Armadura cor de prata, espada reta na cintura.

Puxou o ar gélido para os pulmões e apeou do cavalo. Deu alguns passos a frente, apertando os olhos, mirando uma caverna.

- Você fica aqui. – disse severo para o cavalo.

O animal balançou a crina, entretido com o nada.

Passos decididos, desceu uma colina de um verde pegajoso, até se deparar com terra batida do terreno escasso. Mais a frente de tudo; havia uma cidade abandonada, algumas torres rachadas ainda se erguiam pro alto, mas ninguém ia pra lá – o lugar era amaldiçoado.

Um pouco antes; uma caverna.

É aqui.

Um minuto depois viu-se brigando com as paredes rochosas do interior úmido daquele esconderijo. Teve de deixar as ombreiras da armadura para trás, para que conseguisse passar. Seguiu por uma descida traiçoeira, de chão escorregadio – a cada passo, o sentimento de estar sendo engolido pelo desconhecido.

De repente, vozes:

“O que é isso, afinal de contas?”

“Não sei...”

Sir Lionel virou para o oeste em uma bifurcação em certo ponto, no interior obscuro da gruta. Não enxergava nada, mas sabia estar seguindo pelo caminho certo, e algo lhe dizia com certeza que iria se deparar com luz, cedo ou tarde.

Mas o que viu foi algo diferente.
Numa clareira, entre os intricados caminhos subterrâneos, dois garotos se arrastavam para um lado e para o outro, espantados com a bruxaria que haviam descoberto.

Encontraram uma máquina. Diferente de tudo do que já tinha visto, mas semelhante com o que já estavam acostumados – como todas as outras, a coisa pedia-lhes que dessem uma ordem a ela; para que funcionasse.
Aproximavam-se da coisa pelos lados, encarando com novidade, até que um deles tomasse a frente.

- O que é isso? – repetiu Darienn.

- Já disse que não sei.

Tocaram a máquina complexa. Perplexos.

Tinha um longo tablado feito de um material desconhecido, com teclas grossas instaladas. Obtinha todas as letras do alfabeto conhecido, mas estavam em desordem.

- Não aperte nada!

- Eu sei, Willian! – trocou um olhar ofensivo.

Andaram ao redor do objeto por mais um segundo, analisando-o. Lionel estava escondido, olhava atento.
Os dois garotos deram batidinhas de leve, com os punhos fechados, sobre a superfície lisa. Ouviram um som metálico ecoar por todo o corredor. O barulho demorou alguns segundos até que desaparecesse.

- Não tenho certeza se isso é uma máquina...

- O que quer dizer? – certo medo.

- Pode estar vivo.

Deram passos pra trás, Darienn incrédulo.

- Precisamos voltar... – disse Willian.

- Pro conservatório? Nunca!

- Não sabemos o que isso é, Darienn! Precisamos avisar ao Bispo.

- Não tive o trabalho para escapar de lá de bobeira. Levei semanas pra fugir, Willian. Semanas! – exaltando. – Não vou voltar. Nem por um caralho.

Willian entendia o irmão, mas era tarde demais. Talvez fosse. Não tinham família, não tinham casa; nada. O que tinham era uma nova vida no conservatório, e a chance de se tornarem padres, bispos, clérigos. Por um instante, Willian ficou em silêncio, engolindo o seco.

- O quê?! – Darienn percebeu algo de errado no irmão. – Você contou? Contou que eu...

- Desculpe.

- Não me peça desculpas, seu bosta! Como você pôde?! Traiu seu próprio irmão! A quem você disse?

- Sir Lionel...

- Pelos testículos de Gisé... Estou fudido com você ao meu lado... – apertou as têmporas com as duas mãos, balançando a cabeça negativamente.

- Ele vai ao menos nos tirar daqui. Estamos presos.

- Não estamos. Não seja paranóico.

- Estamos presos, Darienn...

Recusou-se a aceitar, mas no final suspirou. Estalou a língua e conseguiu ouvir o som ecoar pela caverna. Em qualquer outra situação, teria achado graça do som gracioso que tinha feito, mas não naquela situação.

- Como você me achou aqui afinal? – decidiu perguntar.

Tempo.

- Te segui durante a noite.

Suspiro.

- Mas é claro...

- Sou seu irmão, Darienn! Acha que vou te deixar fugir sozinho? Ser comido por um lobo, espancado por ladrões de estrada?

- Estaria bem sozinho.

- Ah não. Não estaria não!

- Sim, estaria. Melhor que no conservatório, sendo alvo de olhares pedófilos e homo-sexuais de padres apáticos.

- Não fale assim, o Bispo Claus é um bom homem, de coração puro, com –

- Com uma paixão nojenta por garotos de dezesseis anos. – Darienn viu o olhar de Willian mudar, incrédulo. – Isso mesmo, irmão. Ele tentou me agarrar enquanto dormia naquela noite que você me achou estranho. Não disse nada, para que você não cometesse um erro. Uma idiotice. Algo grave, tipo bater no velho e perder sua chance de crescer na vida como padre.

Willian de olhos arregalados, boquiaberto. Sir Lionel ainda mantinha-se escondido, observando a cena. A máquina era um plano de fundo já esquecido.

- Desculpe, irmão. Isso é pra você. – disse Darienn. – Se quer ser padre, problema é seu. Será o melhor deles que já conheci, tenho certeza. Mas essa vida não é pra mim.

Willian fechou os punhos, enterrando as unhas na carne. Olhar paralelo para baixo.

Tempo.

- Não... – percebeu Darienn.

Silêncio.

- Você não...

- Desculpe. – prendendo a respiração.

- Seu filho da puta! Você disse pra ele que eu fugi pra cá?!

- Pra quem acha que eu avisei sobre você, Darienn?!

- Você disse que foi ao borra botas do Lionel!

Silêncio.

- Não... Foi o Bispo Claus que disse que iria enviar ele... – suspiro. – Fui eu que não esperei, e vim atrás de você. Tentar te entender.

- Caralho, Willian! Você só me fode, porra! Vou acabar morrendo antes de ter uma puta com a boca no meu pau!

- Darienn...

- Eu te odeio!

De repente, um retumbar. A máquina até então estável soou um rugido, como uma criatura enorme, de aço, acordando. Gritando. A caverna tremeu por um momento, e então parou.

- O quê?!

- É disso que estou falando, Darienn. – gritou Willian. – Precisamos voltar, temos que avisar ao Bispo Claus sobre isso. Não sabemos o que é!

- Escuta você! Eu não —

- Não se preocupem. – uma voz irrompeu, interrompendo o diálogo. – Não saber o que é isso, fará muito bem a vocês.

Um susto, olharam para o caminho de onde vinha voz – onde haviam também chegado até a clareira – e viram Sir Lionel, descendo a rampa de pedra, aproximando-se com calma.

- Sir Lionel. – disse Willian.

Darienn trincou os dentes. O cavaleiro ficou quieto.

- Que bom que já está aqui. Veja – apontando com a cabeça para a máquina. – O que encontramos.

Silêncio.

- Sir Lionel? – olhares.

- Willian... – Darienn escorregava para o lado da sala, cauteloso, olhar atento. – Acho que “Sir Lionel” sabe muito bem o que é isso.

Willian olhou o irmão, o cavaleiro acompanhava seu movimento com os olhos.

- Sir Lionel?

Silêncio. E então o cavaleiro levou a mão á espada, segurou o cabo firme, puxando a lâmina em um movimento brusco. “Vocês vão morrer”, e depois um ataque.

Willian desesperado, cambaleando para trás, tropeçou em um rochedo no chão, caiu de costas, batendo a cabeça na máquina. Barulho de metal gritando, mãos na cabeça. O cavaleiro ergueu a espada em um movimento, pronto para destroçar o crânio do garoto, e então foi empurrado.

Darienn lhe deu um encontrão com o próprio corpo contra o cavaleiro. Bateu na armadura como água batendo numa parede de pedra. Lionel afastou somente um pé.

- Willian, corre!

Lâmina no peito. A ponta da espada larga encontrou a carne jovem e sem músculo do garoto; metade da lâmina já atravessando seu coração, jorrando sangue pela fenda aberta.

- Não!

Um urro misto de horror e desespero, Willian agarrou a pedra do chão e a usou como arma. Jogou os braços para frente, uma mão agarrando o ombro desprotegido do cavaleiro, a outra, acertando a carne com a pedra. Pensou consigo mesmo: “Consegui”. Jogou-se contra ele. Arremessando as mãos, a pedra, a vida.
O cavaleiro virou meio corpo, grunhiu com o ferimento na parte desprotegida, mirou o garoto com olhar assassino.

- Por quê?! – choramingou Willian.

Sir Lionel descreveu um arco com a espada, usando a lâmina mais como porrete, destroçando o topo do crânio do garoto. A órbita voou pra longe, o corpo caiu em espasmos. Cabeça aberta.

- Tsc... – mão no ombro.

A máquina rugiu de novo, dessa vez, só um para ouvir seus berros.

- Arggh... – Darienn no chão, mãos ao peito, tentando conter inutilmente que o sangue não jorrasse mais. Balbuciando.

Sir Lionel caminhou, limpando a espada com um pano branco de um tecido grosso. Permitiu-se parar ao lado do corpo trêmulo do rapaz, enquanto embainhava a espada novamente à cintura. Teve certeza de que ninguém mais havia descoberto o segredo.

- Desculpe, garoto, nada pessoal. – um sorriso. Darienn aos tremeliques.

- Entenda... Há coisas, que é melhor não sabermos – olhou para a máquina, respirou fundo. – Bispo Claus não precisa saber disso. Vocês não precisavam. – deu de ombros.

Darien já não ouvia mais. Sequer via algo, embora estivesse ainda de olhos abertos.

Sir Lionel atravessou todo o caminho com tranqüilidade. Sabia que caminho seguir. Encontrou o cavalo novamente, no alto da colina. Subiu no animal, tomando as rédeas em mãos olhando o escuro da noite.
De longe, ouviu o ultimo rugir da máquina. Provavelmente, desligava-se automaticamente depois de mais um longo serviço diário. Aos poucos, completava-se os protocolos.

- Sinto muito, Bispo Claus. – já ensaiava Sir Lionel. – Os garotos eram hereges. Se jogaram de um precipício, aos braços de satanás...

O cavalo seguiu; calmo e lento, carregando Sir Lionel para o conservatório de onde viera. O cavaleiro tinha muito tempo para ensaiar.

A máquina nunca foi descoberta.

2 comentários:

  1. Aqui eh o Panda...pra quem quiser saber...vamos analizar esse conto...Primeiro de tudo..um cavaleiro bonito, bem apessoado.. da barriguinha bonita, tanquinho, e dos peito bonito..ele encontra um Iphone e esconde ele numa caverna de tormeta..para que nenhum infeliz encontre o iphone dele, ai dois delinquentes que sairam do conservatorio.. encontram o Iphone.. eu apoio nosso amigo cavaleiro em matar esses lazarentos.. isso eh uma das minhas versões para esta maquina..outras coisas que possivelmente seriam ..eh um computador com msn ligado.. e a mlk fazendo spam em dia de jogo na tv quando sai gol...ou quem sabe... SEU ANTIVIRUS FOI ATUALIZADO *-*..

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  2. Psiu rsrsrs
    FELIZ DIA DO AMIGO ^^
    Beijos xD

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