quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SIGA SEUS SONHOS - NEIL GAIMAN


Antes de mais nada, uma rápida apresentação para quem não conhece a lenda.

Neil Gaiman é um dos escritores e roteiristas mais conhecidos e aclamados da atualidade. Autor de obras memoráveis como os quadrinhos Sandman, Hellblazer, Livros da Magia (do qual serviu de inspiração a J.K Rowling, escritora de Harry Potter). Escreveu também uma sequência de livros famosos como Deuses Americanos, Lugar Nenhum, e O Livro do Cemitério -- só para citar alguns. Foi ainda roteirista de cinema, no o épico Beowulf e a peculiar Coraline.

De longe, Neil Gaiman é um dos maiores autores assim como faz parte da lista dos "Top literários" de muitos leitores e escritores de hoje.

E por isso, o que ele tem a dizer é algo importante a se ouvir.

Segue um discurso do escritor, feito na University of the Arts, na Filadelfia (Estados Unidos), onde ele inspira e encoraja os artistas (não só os escritores).

Vale a pena:




~ SIGA SEUS SONHOS ~


Nunca espe­rei me encon­trar dando con­se­lhos para pes­soas se gra­du­ando em um esta­be­le­ci­mento de ensino supe­rior. Eu não me gra­duei num des­ses esta­be­le­ci­men­tos. Nunca sequer come­cei um. Esca­pei da escola assim que pude, quando a pers­pec­tiva de mais qua­tro anos de apren­di­za­dos for­ça­dos antes que eu pudesse me tor­nar o escri­tor que dese­java ser era sufocante.

Eu saí para o mundo. Escrevi. Torn­ei-me um escri­tor melhor na medida que escre­via mais. Escrevi um pouco mais, e nin­guém nunca pare­cia se impor­tar de que eu estava inven­tando na medida em que eu pros­se­guia – eles sim­ples­mente liam o que eu escre­via e paga­vam por isso. Ou não.

E fre­quen­te­mente eles me enco­men­da­vam alguma outra coisa pra fazer para eles. O que me dei­xou com um sau­dá­vel res­peito e admi­ra­ção pela edu­ca­ção supe­rior do qual meus ami­gos e fami­li­a­res, que fre­quen­ta­vam essas uni­ver­si­da­des, se cura­ram há muito tempo atrás.

Olhando para trás, eu tri­lhei uma cami­nhada memo­rá­vel. Não tenho cer­teza de que posso chamá-la de uma car­reira, por­que uma car­reira implica que eu tivesse algum tipo de plano de car­reira e eu nunca tive.

A coisa mais pró­xima que tive foi uma lista que fiz quando tinha 15 anos com tudo que eu que­ria fazer: escre­ver um romance para adul­tos, um livro infan­til, uma revista em qua­dri­nhos, um filme, gra­var um áudi­o-­book, escre­ver um epi­só­dio de Dr. Who… e assim por diante.

Não tive uma car­reira. Eu sim­ples­mente fui fazendo a pró­xima coisa da lista.

Então pen­sei em con­tar para vocês tudo que gos­ta­ria de saber de saída e algu­mas coi­sas que, olhando para trás, supo­nho que eu sabia. E tam­bém em dar o melhor con­se­lho que já recebi, o qual falhei miseravelmente em seguir.

O pri­meiro de todos: quando você começa uma car­reira na arte, você não tem idéia do que está fazendo.

Isso é ótimo!

As pes­soas que sabem o que estão fazendo conhe­cem as regras, e sabem o que é pos­sí­vel e o que é impos­sí­vel. Vocês não.

E vocês não devem.

As regras sobre o que é pos­sí­vel e impos­sí­vel na arte, foram fei­tas por pes­soas que não tinham tes­tado os limi­tes do pos­sí­vel indo além deles. E vocês podem.

Se vocês não sabem que é impos­sí­vel é mais fácil fazer. E por­que nin­guém fez antes, não inven­ta­ram regras para evi­tar que alguém faça.

Em segundo: se você tem uma idéia do que você quer fazer, sobre o que você foi colo­cado aqui no mundo para fazer, então sim­ples­mente vá e faça.

E isso é muito mais difí­cil do que parece e, algu­mas vezes, no fim, muito mais fácil do que você pode­ria imaginar.

Porque nor­mal­mente há coi­sas que você pre­cisa fazer antes de que você possa che­gar aonde quer estar.

Eu que­ria escre­ver qua­dri­nhos, roman­ces e his­tó­rias e fil­mes, então me tor­nei jor­na­lista, por­que jor­na­lis­tas têm per­mis­são para fazer per­gun­tas, para sim­ples­mente ir adi­ante e des­co­brir como o mundo fun­ci­ona, e além disso, para fazer essas coi­sas eu pre­ci­sa­ria escre­ver. Escre­ver bem.

E eu estava sendo pago para apren­der como escre­ver de forma econômica e cla­ra, às vezes em con­di­ções adver­sas, em tempos adversos.

Algumas vezes o cami­nho para fazer o que você espera fazer estará cla­ra­mente deli­ne­ado; e às vezes será quase impos­sí­vel deci­dir se você estará ou não fazendo a coisa certa.

Porque sempre terá de balan­cear suas metas e espe­ran­ças, alimentar-se, pagar as con­tas, encon­trar tra­ba­lho e se ade­quar ao que pode encontrar.

Uma coisa que fun­ci­o­nou para mim foi ima­gi­nar que onde eu gos­ta­ria de estar – um autor, prin­ci­pal­mente de fic­ção, fazendo bons livros, fazendo bons qua­dri­nhos e me man­tendo atra­vés de minhas pala­vras – era uma mon­ta­nha. Uma mon­ta­nha dis­tante. A minha meta.

Eu sabia que enquanto me man­ti­vesse andando em dire­ção à mon­ta­nha eu esta­ria bem. E quando eu não estava verdadeiramente certo acerca do que fazer, eu poderia parar e pen­sar se aquilo estava me levando à mon­ta­nha ou me afas­tando dela.

Eu disse não para tra­ba­lhos edi­to­ri­ais em revis­tas – tra­ba­lhos ade­qua­dos que teriam me pagado muito bem – por­que eu sabia que por mais atra­ti­vos que fos­sem, para mim, esta­riam me dei­xando mais dis­tante da mon­ta­nha. E se essas ofer­tas tives­sem apa­re­cido mais cedo tal­vez eu as tivesse aceitado.

Elas ainda me dei­xa­riam mais perto da mon­ta­nha do que eu estava na época.

Aprendi a escre­ver escre­vendo. Eu ten­dia a fazer qual­quer coisa, desde que pare­cesse uma aven­tura. E eu parava de fazer, quando pare­cia tra­ba­lho – o que sig­ni­fi­cou que a vida não se pare­cia com trabalho.

Ter­ceiro: quando você começa, pre­cisa lidar com os pro­ble­mas do fra­casso. Vocês pre­ci­sam ser “osso duro de roer”, pre­ci­sam apren­der que nem todo pro­jeto sobre­vi­verá.

Uma vida como fre­e­lan­cer, uma vida na arte, é mui­tas vezes como colo­car men­sa­gens em gar­ra­fas numa ilha deserta, e espe­rar que alguém encon­tre uma dessas gar­ra­fas, abra, leia e colo­que algo em outra gar­rafa que fará seu cami­nho de volta: seja ele um apreço ou enco­menda. Dinheiro ou amor.

E vocês têm de acei­tar que vocês pode­rão lan­çar uma cen­tena de coi­sas para cada gar­rafa que apa­re­cerá retornando.

Os pro­ble­mas do fra­casso são pro­ble­mas de dês-en­co­ra­ja­mento, de deses­pero e ansi­e­dade. Você deseja que tudo acon­teça, e quer que as coi­sas acon­te­çam agora.

E as coi­sas dão errado.

Meu pri­meiro livro – uma peça de jor­na­lismo que tinha feito pelo dinheiro, e que já tinha me com­prado uma máquina de escre­ver ele­trô­nica do adi­an­ta­mento – deve­ria ter sido um Best-­sel­ler. Deveria ter me pagado muito dinheiro. Se a edi­tora não tivesse invo­lun­ta­ri­a­mente ido à ban­car­rota entre a pri­meira impres­são se esgo­tar e a segunda sair, e antes que quais­quer direi­tos pudes­sem ser pagos, ele teria me dado muito dinheiro.

E eu dei de ombros. Ainda tinha minha máquina de escre­ver ele­trô­nica e dinheiro o bas­tante para pagar o alu­guel por um par de meses, e decidi que eu faria o meu melhor para no futuro não escre­ver livros ape­nas pelo dinheiro.

“Se você não ganha dinheiro, então você não tem nada”.

Se eu fizesse um tra­ba­lho do qual me orgu­lhasse e não ganhasse grana, ao menos eu teria trabalhado.

De vez em quando, esqueço essa regra. E sem­pre que o faço o uni­verso me bate com força para me lembrar dela.

Não sei se isso é um pro­blema para mais alguém além de mim, mas é ver­dade que tudo que fiz em que a única razão era ganhar dinheiro, jamais valeu a pena – exceto como amarga expe­ri­ên­cia.

Normalmente nunca dei o tra­ba­lho por encer­rado ao rece­ber o dinheiro, por outro lado, as coi­sas que fiz por­que estava empol­gado e que­ria vê-las exis­ti­ndo, nunca me decep­ci­o­na­ram e eu nunca me arre­pendi do tempo gasto com nenhuma delas.

Os pro­ble­mas do fra­casso são difíceis.

Os pro­ble­mas do sucesso podem ser ainda mais difí­ceis, por­que nin­guém lhes avisa sobre eles.

O pri­meiro pro­blema de qual­quer tipo de sucesso limi­tado é a con­vic­ção ina­ba­lá­vel de que você está fugindo com algo, e de que a qual­quer momento irão descobri-lo.

É a Síndrome do Impostor, algo que minha esposa Amanda bati­zou de Polícia da Fraude.

Em meu caso, eu estava con­ven­cido de que alguém bateria na minha porta, e um homem com uma pran­cheta (não sei por que ele car­re­gava uma pran­cheta, mas em minha cabeça ele car­re­gava) esta­ria lá para me dizer que estava tudo aca­bado e eles me pega­riam. E que agora eu teria de ir e con­se­guir um tra­ba­lho de ver­dade, algum que não con­sis­tisse de inven­tar coi­sas e escrevê-las, e ler livros que eu qui­sesse ler.

E então eu par­ti­ria silen­ci­o­sa­mente e pega­ria o tipo de tra­ba­lho no qual você não tem de inven­tar mais coisas.

Os pro­ble­mas do sucesso... Eles são reais e com sorte vocês irão experimentá-los. O ponto em que você para de dizer sim pra tudo, por­que agora as gar­ra­fas que você lança no oce­ano estão todas vol­tando, e você pre­cisa apren­der a dizer não.

Obser­vei meus colegas e ami­gos, aque­les que eram mais velhos que eu, e obser­vei quão infe­li­zes alguns deles se sen­tiam. Eu os ouvi dizendo que não podiam enca­rar um mundo no qual não tivessem que fazer o que sem­pre qui­se­ram fazer – por­que agora eles tinham de ganhar uma certa quan­ti­dade de grana todo mês ape­nas para se man­ter onde esta­vam.

Eles não podiam ir e fazer as coi­sas que impor­ta­vam e que real­mente que­riam fazer; e isso me pare­ceu uma tra­gé­dia tão grande quanto qual­quer pro­blema de fracasso.

E depois disso, o maior pro­blema do sucesso é que o mundo cons­pira pra que você pare de fazer o que você faz.

Por­que você é famoso.

Houve um dia em que olhei e me dei conta de que eu tinha me tor­nado alguém que pro­fis­si­o­nal­mente res­pon­dia e-mails e escre­via como um hobby. Eu come­cei a res­pon­der menos e-mails, e fiquei ali­vi­ado por per­ce­ber que estava escre­vendo muito mais.

Em quarto: eu espero que vocês come­tam erros.

Se vocês estão come­tendo erros, sig­ni­fica que estão por aí fazendo algo. E os erros em si podem ser úteis.

Uma vez escrevi o nome Caroline errado em uma carta, tro­cando o A pelo O, e eu pen­sei, “Coraline, parece um nome real…”. E daí surgiu meu livro.

Lembrem-se, não importa a área em que este­jam, se você é um músico ou fotó­grafo, um artista fino ou um car­tu­nista. Um escri­tor, um dan­ça­rino, um desig­ner... O que quer que faça, você têm algo que é único. Você têm a habi­li­dade de fazer arte.

E para mim, e para mui­tas das pes­soas que conheço e conheci, isso tem sido um salva-vidas. O salva-vidas defi­ni­tivo. Ele lhe leva atra­vés dos bons momen­tos e pelos outros.

A vida às vezes é dura. As coi­sas dão errado, na vida e no amor e nos negó­cios e nas ami­za­des e na saúde e em todos os outros modos que a vida pode dar errado.

E quando as coi­sas ficam difí­ceis, isso é o que vocês devem fazer. Fazer boa arte.

Eu estou falando sério. O marido fugiu com uma política?

Faça boa arte.

Perna esma­gada e depois devo­rada por uma jiboia mutante?

Faça boa arte.

Imposto de renda te ras­tre­ando?

Faça boa arte.

Gato explo­diu?

Faça boa arte.

Alguém na inter­net pensa que o que você faz é uma merda ou já foi feito antes?

Faça boa arte.

Provavelmente as coi­sas se resol­ve­rão de algum modo e even­tu­al­mente o tempo levará a dor mais aguda, mas isso não importa. Faça ape­nas o que você faz de melhor.

Faça boa arte.

Em quinto: enquanto esti­ve­rem nisso, façam a sua arte. Façam as coi­sas que só vocês podem fazer.

O impulso inicial é copiar. E isso não é uma coisa ruim. A mai­o­ria de nós só des­co­bre nos­sas pró­prias vozes depois de ter­mos soado como um monte de outras pes­soas!

Mas uma coisa que você tem que nin­guém mais tem, é você. Sua voz, sua mente, sua estó­ria, sua visão. Então escreva e dese­nhe e cons­trua e toque e dance e viva como só você pode viver.

No momento em que sen­tir que você está andando na rua nu, – expondo muito de seu coração, de sua mente e do que existe em seu inte­rior, mos­trando demais de si mesmo – esse é o momento em que você pode estar come­çando a acertar.

As coi­sas que fiz que mais fun­ci­o­na­ram foram as das quais menos estava certo. As estó­rias das quais eu tinha cer­teza de que fun­ci­o­na­riam ou mais pro­va­vel­mente seria o tipo de fracasso emba­ra­çoso, que as pes­soas se jun­tam para falar até o fim dos tem­pos.

Elas sem­pre tive­ram isso em comum: olhando em retros­pec­tiva, as pes­soas expli­cam por­que foram suces­sos ine­vi­tá­veis.

Enquanto as estava fazendo, eu não tinha ideia. Ainda não tenho.

E onde esta­ria a graça de fazer alguma coisa que você sou­besse que iria funcionar?

Às vezes as coi­sas que fiz real­mente não fun­ci­o­na­ram. Há estó­rias minhas que nunca foram reim­pres­sas. Algumas delas nunca sequer saí­ram da minha casa. Mas eu aprendi com elas tanto quando aprendi com as coi­sas que funcionaram.

Sexto: eu pas­sa­rei algum conhe­ci­mento secreto de fre­e­lan­cer.

Conhecimento secreto é sem­pre bom. E é útil para qual­quer um que alguma vez já pla­ne­jou criar arte para outras pes­soas.

Eu aprendi isso com os qua­dri­nhos, mas se aplica a outros cam­pos tam­bém. E isto é:

As pes­soas são con­tra­ta­das por­que de algum modo, elas são con­tra­ta­das.

Em meu caso eu fiz algo que atu­al­mente seria fácil de che­car, e me colo­ca­ria em pro­ble­mas. Quando come­cei, naque­les dias pré-internet, pare­cia uma estra­té­gia de car­reira sen­sata: quando edi­to­res me per­gun­ta­vam para quem eu já tinha tra­ba­lhado, eu men­tia.

Eu lis­tei uma série de revis­tas que soa­vam razoá­veis, e soei con­fi­ante, e con­se­gui os empregos. Então trans­for­mei em uma ques­tão de honra con­se­guir escre­ver algo para cada uma das revis­tas que eu lis­tei para con­se­guir aquele pri­meiro emprego. De modo que não menti de fato, só fui cro­no­lo­gi­ca­mente desa­fi­ado… Você trabalha de qualquer maneira, desde que trabalhe.

As pes­soas se mantêm tra­ba­lhando em um mundo de fre­e­lan­ces, e mais e mais do mundo de hoje é fre­e­lance, por­que seu tra­ba­lho é bom e por­que são fáceis de con­vi­ver. Elas entre­gam o tra­ba­lho em tempo. E você nem pre­cisa de todos os três. Dois em três está bom.

As pes­soas irão tole­rar quão desa­gra­dá­vel você é se seu tra­ba­lho for bom, e você o entre­gar no prazo. Elas per­do­a­rão o atraso do tra­ba­lho se ele for bom, e se elas gos­ta­rem de você.

E você não pre­cisa ser tão bom quanto os outros se for pon­tual e se for sem­pre um pra­zer conversar com você.

Quando con­cor­dei em fazer esse dis­curso, come­cei ten­tando pen­sar em qual tinha sido o melhor con­se­lho que já havia rece­bido ao longo dos anos. E ele veio do Stephen King há vinte anos atrás, no auge do sucesso de Sandman.

Eu estava escre­vendo um qua­dri­nho que as pes­soas ama­vam e esta­vam levando a sério. Stephen King gos­tara de Sandman e de meu romance com Terry Pratchett, o Belas Maldições (Good Omens).

E ele viu a lou­cura, as lon­gas filas de autó­gra­fos, tudo aquilo, e seu con­se­lho foi este:

“Isso é real­mente ótimo. Você deve­ria aproveitar isso.”

Eu não apro­vei­tei.

O melhor con­se­lho que recebi eu igno­rei. Ao invés disso, me pre­o­cu­pei com aquilo. Pre­o­cu­pei-me com o pró­ximo prazo, a pró­xima ideia, a pró­xima estó­ria.

Não houve um momento nos pró­xi­mos qua­torze ou quinze anos em que não esti­vesse escre­vendo algo em minha cabeça, ou ima­gi­nando a res­peito.

Eu não parei e olhei ao redor e pen­sei: “isso é real­mente diver­tido”.

Eu que­ria ter apro­vei­tado mais.

Tem sido uma cami­nhada incrí­vel, mas houve par­tes da tri­lhada que eu perdi, por­que estava muito pre­o­cu­pado nas coi­sas darem errado, sobre o que viria depois, e não apreciei a melhor parte em que estava.

Essa foi a lição mais difí­cil pra mim, eu acho. Rela­xar e cur­tir a cami­nhada. Por­que a jor­nada o leva a alguns luga­res memo­rá­veis e inesperados. E aqui, nesta pla­ta­forma hoje, é um des­tes luga­res.

E eu estou cur­tindo isso imensamente.

Para todos os gra­du­an­dos de hoje eu desejo a vocês: sorte.

Sorte é útil. Frequentemente vocês des­co­bri­rão que quanto mais duro e mais sabi­a­mente vocês trabalharem, mais sor­tu­dos serão. Podem apostar.

Existe sorte, e ela ajuda.

Estamos em um mundo em transição neste momento. Isso é, se todos vocês estiverem em qualquer campo artístico. Então, todos estamos num mundo em transição.

A natu­reza da dis­tri­bui­ção está mudando, os mode­los pelos quais os cri­a­do­res entre­ga­vam seu tra­ba­lho pelo mundo (e con­se­guiam comer sanduíches e man­ter um teto sobre suas cabe­ças por isso), estão todos mudando.

Eu falei com pes­soas do topo da cadeia ali­men­tar em publi­ca­ções, e em todas essas áreas nin­guém sabe com qual pai­sa­gem se pare­cerá daqui a dois anos – o que dirá daqui a uma década.

Os canais de dis­tri­bui­ção que as pes­soas cons­truí­ram ao longo do último século, ou mais, estão em con­tí­nua mudança, para os impres­sos, para os artis­tas, para os músi­cos. Para as pes­soas cri­a­ti­vas de todos os tipos.

E o que é por um lado inti­mi­dante, é por outro imen­sa­mente liber­ta­dor!

As regras, as supo­si­ções, o agora, nós deve­mos fazer de como você con­se­gue expor seu tra­ba­lho e o que você faz a seguir, está ruindo. Os por­tei­ros estão dei­xando seus por­tões abertos. Vocês podem ser tão cri­a­ti­vos quanto pre­ci­sa­rem para con­se­guir visi­bi­li­dade.

YouTube e a web (e o que quer que venha depois do YouTube e da web) podem dar a vocês mais pes­soas de audi­ên­cia do que a tele­vi­são jamais deu. As velhas regras estão des­mo­ro­nando e nin­guém sabe quais são as novas regras.

Então inven­tem suas pró­prias regras.

Alguém recen­te­mente me per­gun­tou como fazer alguma coisa que ela achava que seria difí­cil – em seu caso, gra­var um áudi­o-­book – e eu sugeri que ela fin­gisse que ela era alguém que pode­ria fazê-lo.

Não fin­gir fazê-lo, mas fin­gir que era alguém que podia fazer.

Ela colo­cou uma nota para este efeito na parede do estú­dio, e disse que isso ajudou-lhe muito.

Então sejam sábios. Por­que o mundo neces­sita de mais sabe­do­ria e se vocês não pude­rem ser sábios, fin­jam ser. E então ape­nas se com­por­tem como um sábio se comportaria.

Agora vão.

Come­tam erros inte­res­san­tes, come­tam erros mara­vi­lho­sos, façam erros glo­ri­o­sos e fan­tás­ti­cos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais inte­res­sante por vocês esta­rem aqui.

Façam boa arte.

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