quarta-feira, 21 de abril de 2010

Conto - O Lendário General

Lá estava ele. À frente de um exército composto de quinhentos homens e alguns cavalos. Espadas nas bainhas, lanças nas mãos e escudos empunhados. O general, assim chamado, mantinha seu olhar fúnebre e mórbido em direção ao campo de batalha. Não, a verdade é que ia além do campo – seus olhos fintavam o cume e a planície à quase cem metros dali – fitavam onde o inimigo, iria aparecer.
O silêncio prosperava, e a tranqüilidade do general era rija. Os soldados também mantinham o silêncio e a calma para o combate; era o fôlego que se tomava antes do mergulho; era o silêncio que existia antes da batida. E súbito, no horizonte redondo de planície verde, eles surgiram – e os soldados, menos o general, sabiam que estava acabado.

Um exército de dois mil homens surgia numa padronização de guerra. Todos juntos, em fileiras; pura disciplina. As armaduras eram muito melhores, as armas eram mais cortantes, mais perfurantes, e muito, muito superiores. O capitão também estava junto, e surgiu com uma lança que parecia arranhar o céu onde de seu cabo balançava uma bandeira, uma flâmula pendente do reino inimigo.
Não demorou muito para que os quinhentos homens começassem a respirar de forma diferente, para que começassem a apertar o cabo das armas com força desnecessária e armarem seus escudos de forma incorreta. Era uma ignorância naquele ponto estar ainda diante um exército tão poderoso. Porém, mesmo assim todo o exército, que naquelas circunstancias parecia pequeno, não recuou. Mantiveram-se firmes, e em seus postos; porque acima de tudo, confiavam e acreditavam no seu general.

De um olhar mais ríspido do capitão oposto, e uma resposta ainda rígida no olhar do general, fora dada o início da batalha sobre o vento forte que começava.
O avanço foi direto de ambos os lados. Os 500 homens e seu general sentiram o chão e o mundo estremecer. Cada passo do exército infinito do inimigo esmagava o chão e faziam todo o resto tremer. O exército de ambos os lados fora se aproximando com tal veracidade que as espadas já pareciam brindar sangue. Todos de encontro, ao centro do campo.

E então o encontro!

Dois mil homens, ferozes e monstruosos: um estouro de boiada.
Quinhentos guerreiros e um general, rápidos e espertos: como uma matilha.
O encontro foi certeiro, e a linha de frente do general despencara com um avanço fulminante do exército superior. Sangue e tripas voaram – escarlate manchando o verde -- , e logo, a matilha se dissipara. Dissipara para os lados.
O capitão e seu exército fulminante, de ainda dois mil homens, gritavam e bradavam em louvor de guerra:

-- Morte! Morte!!

O general, que investia entre as fileiras inimigas: mudo. O exército dos, agora, 445 homens continuava a dissipar para os lados: um arco que começava a se formar e a contornar. Mesmo o general mudo lhe ditava ordens concretas, e por isso, talvez, os homens tenham sentido a necessidade de gritarem:

-- Walmonth! Walmonth!

O general sorriu.


E foi a vitória.

3 comentários:

  1. Muito bom parabens, adorei o conto e ainda me ajudou a planejar melhor meu pensamento referente a combates diretos em guerras.

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