quarta-feira, 21 de abril de 2010

Desenhos

Sempre desenhei na minha vida, e continuo desenhando até hoje. Por isso, aqui eu estou postando alguns dos meus desenhos. O problema mesmo é que eu tenho uma complicação enorme de passar desenho em papél pro computador. A qualidade cai e muito. Sei que tem alguma forma/maneira de conservar a qualidade na hora da digitalização... E eu espero descobrir essa maneira logo.



Pra muitos pode parecer absurdo, e pra outros uma espécie de dom, mas muitos dos meus desenhos é direto na arte-finalização. Sem esboço, sem nada. Direto pra caneta -- ou pro nankin as vezes. Esse é um exemplo, uma brincadeira que gosto de fazer com os traços, mostrando movimento, raiva e fúria na cena.



Esse é o Gatts. Personagem que curto muito desenhar pelo estilo dos traços. Embora ele seja mangá, os personagens puxam muito o lado real da coisa -- olhos, nariz, orelha e etc...



Personagem da antiga Campanha de Arton que eu mestrava: Gam Marlock, Cavaleiro Moreau.



Embora muitos dos meus desenhos sejam no estilo mangá, eu gosto bastante de desenhar HQ's também -- eis o Superman.



Outra técnica com traços, movimento rápido na cena e compostura de raiva e fúria do personagem.


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Enfim... Há muuuito o que melhorar, mas estou me esforçando cada vez mais pra isso. Por favor, não senham tão críticos, tudo que sei foi por treinar desde criança mesmo. Nunca tive aulas nem nada. ^^"
Até.

Conto - O Lendário General

Lá estava ele. À frente de um exército composto de quinhentos homens e alguns cavalos. Espadas nas bainhas, lanças nas mãos e escudos empunhados. O general, assim chamado, mantinha seu olhar fúnebre e mórbido em direção ao campo de batalha. Não, a verdade é que ia além do campo – seus olhos fintavam o cume e a planície à quase cem metros dali – fitavam onde o inimigo, iria aparecer.
O silêncio prosperava, e a tranqüilidade do general era rija. Os soldados também mantinham o silêncio e a calma para o combate; era o fôlego que se tomava antes do mergulho; era o silêncio que existia antes da batida. E súbito, no horizonte redondo de planície verde, eles surgiram – e os soldados, menos o general, sabiam que estava acabado.

Um exército de dois mil homens surgia numa padronização de guerra. Todos juntos, em fileiras; pura disciplina. As armaduras eram muito melhores, as armas eram mais cortantes, mais perfurantes, e muito, muito superiores. O capitão também estava junto, e surgiu com uma lança que parecia arranhar o céu onde de seu cabo balançava uma bandeira, uma flâmula pendente do reino inimigo.
Não demorou muito para que os quinhentos homens começassem a respirar de forma diferente, para que começassem a apertar o cabo das armas com força desnecessária e armarem seus escudos de forma incorreta. Era uma ignorância naquele ponto estar ainda diante um exército tão poderoso. Porém, mesmo assim todo o exército, que naquelas circunstancias parecia pequeno, não recuou. Mantiveram-se firmes, e em seus postos; porque acima de tudo, confiavam e acreditavam no seu general.

De um olhar mais ríspido do capitão oposto, e uma resposta ainda rígida no olhar do general, fora dada o início da batalha sobre o vento forte que começava.
O avanço foi direto de ambos os lados. Os 500 homens e seu general sentiram o chão e o mundo estremecer. Cada passo do exército infinito do inimigo esmagava o chão e faziam todo o resto tremer. O exército de ambos os lados fora se aproximando com tal veracidade que as espadas já pareciam brindar sangue. Todos de encontro, ao centro do campo.

E então o encontro!

Dois mil homens, ferozes e monstruosos: um estouro de boiada.
Quinhentos guerreiros e um general, rápidos e espertos: como uma matilha.
O encontro foi certeiro, e a linha de frente do general despencara com um avanço fulminante do exército superior. Sangue e tripas voaram – escarlate manchando o verde -- , e logo, a matilha se dissipara. Dissipara para os lados.
O capitão e seu exército fulminante, de ainda dois mil homens, gritavam e bradavam em louvor de guerra:

-- Morte! Morte!!

O general, que investia entre as fileiras inimigas: mudo. O exército dos, agora, 445 homens continuava a dissipar para os lados: um arco que começava a se formar e a contornar. Mesmo o general mudo lhe ditava ordens concretas, e por isso, talvez, os homens tenham sentido a necessidade de gritarem:

-- Walmonth! Walmonth!

O general sorriu.


E foi a vitória.

Havenus, o Algoz

Sempre achei que o mundo fosse dividido em tendências, em teorias. O equilíbrio. A chance de oportunidade – o bem e o mal.
Caos e ordem.
Tudo regido por um único sentido; a cegueira das coisas naturais da vida, que são essas.

Eu estava errado.


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Foi como um sonho de terror. Os tipos de sonhos que ele tinha muito ultimamente – há três anos.
Havenus teve o deslumbre da visão do inimigo. Enxergou pelos seus olhos. Conectou-se com sua mente.
O inimigo o acertara em cheio, e o que lhe vinha em forma de pergunta era: Por que não escapara?
Ele poderia. Teria conseguido.

Eles eram um grupo modesto. Todos eles.
O mundo de Arkhanum não era só um mundo perigoso; era terrível. Uma Idade de Trevas. Talvez fosse por isso que naquela equipe já tivessem passado sete pessoas diferentes além do Meio-Demônio. E entre os sete, somente três haviam sobrevivido.
No entanto, para Havenus, isso não era crueldade. Não. Era a realidade.

O mundo inóspito de pessoas de valor, cru e nu meio à desgraça multiplicável e coletiva, tinham lhe ensinado que as coisas eram assim. Os pobres eram a miséria, e o tipo de gente ignorante que ele sentia vontade de chutar quando estivessem no chão.
Os ricos diziam ter fé em Deus, e ainda por cima juravam realizar as vontades do dito cujo – em outras palavras, eram os piores da espécie.
Como não existia o meio termo – a classe “média” –, Havenus não ligava para nenhum deles.
Ficava pensando na realidade às vezes. Como podiam viver daquela forma, aquela gente? Os pobres eram tão amaldiçoados de inteligência, que já por falta de opção, preferiam agarrar um dos tipos de Classe que já existiam – os Pobres ou os Ricos – pra assim poderem viver na realidade dura e cruel. Fechavam os olhos pra não terem de ver e chorar. Mas o pior de tudo, era que em sua maior parte, as pessoas escolhiam adorar a classe dos Ricos, dos altos; o que era ignorância.

Mas o povo sempre foi ignorante mesmo...

Os quase-mendigos (a classe pobre, por assim dizer) sempre gostou de olhar para o bonito. Todos gostavam de coisas bonitas. Afinal, quem iria querer olhar para a feiúra da pobreza da população?
Ai daquele que gostasse do que era feio – fogueira na mesma hora. Herege!

Os ricos então -- Condes, padres, cavaleiros, duques, reis. Papas. – gloriavam-se com a luz do próprio ouro que cegava os miseráveis do outro mundo. O mundo pobre.

Havenus não se importava.

Já fazia tempos que aprendera que sorrir era pecado. Os providos de inteligência, dignos de conduta e classe, nunca sorriam. Mantinham o rosto sério, pálido e fresco. Duro como rocha, calmo e calculista como um vulcão.
Quem sorria, era o oposto – era mal. E, talvez fosse por isso que a maioria das histórias de terror tinham inimigos sorridentes, que gargalhavam o tempo todo.
Bruxas riam e se deleitavam com os prazeres carnais. Magos e ocultistas sempre tinham um sorriso sombrio no rosto, sorriso de zombaria. E os monstros, claro, sempre gargalhavam ao ver sua próxima vítima. Ou simplesmente riam por rir.

E assim era a lei.

Lei do bem – lei de Deus.
Não rir. Nunca.

Risadas?
Fogueira. Herege!

Mas não era por isso que o cavaleiro não ria. Não era também só pelo fato de ser um Algoz, um assassino procurado em 20 países. Havenus não ria, não por não ter motivos, mas por não ser necessário. Não era útil, não servia para nada. Rir, não matava os inimigos. Rir, não resolvia problemas. Não os dele.

Fora há três anos, quando ele vira seu mundo definhar aos poucos – e dos poucos ao rápido.

Perdera a mulher que amava, pois não conseguira defendê-la. Perdeu os amigos em uma chacina por ser burro e não confiar em ninguém. Nem nele mesmo.
Depois, perdera sua dignidade e seus objetivos, por confiar demais.

Logo, no inferno.

Foram três longos anos que vagou sozinho. Caçando, matando e enxergando a realidade daquele mundo pobre e podre.

Não sabia se antes era feliz porque não vira essa realidade, ou se o mundo foi piorando conforme ele mesmo fora chafurdando no excremento.

Não precisava de amigos, não precisava de sorrisos, não precisava do mundo. Só precisava da arma, de dinheiro e de vingança. Queria o inferno – além de tudo, não que gostasse, mas queria viver naquele inferno. Era bom arrebatar as pessoas pro NADA. Contentava-se: tinha vingança.

E, para o leitor que achar estes registros, acreditar que isso é tristeza não é inteiramente verídico, acreditem: era bom que fosse assim.

Viver na Idade das Trevas, no lugar que era Arkhanum, a vida devia seguir dessa forma. Cruel e calculista. Impiedosa.
Confiar em alguém era confiar na ignorância. Todos eram ignorantes.
Se você era só, era cruel – mal – logo se dava bem (na medida do possível).

Porque o mundo era cruel e Deus era mal.
Por isso, os três anos que passara em sua vida nesse tipo de conceito, Havenus se dera muito bem. Vivera sem arrependimentos, o que em Arkhanum era muito bom – viver naquele lugar já era um arrependimento.

Mas os conceitos mudavam. Sete pessoas apareceram; quatro morreram e ficaram apenas três. Entre todos, Havenus era o mais forte, porque era só, e não se importava.
Foram dias duvidosos e cruéis para ele quando haviam se passado alguns meses com aquela gente que se juntara. Sua mente de repente estava embaraçada. Estava louca e insana. Uma visão diferente surgia. Um brilho nascia e crescia das trevas da solidão. Os amigos eram bons, a alegria entre os mesmos crescia e o prazer de estarem juntos conseguindo sobreviver era boa. Tudo começava a não fazer sentido. E era bom.

Enfim, recuperava de imediato o que há muito já havia perdido. E por um tempo, ele foi um herege – ele sorrira. O mundo era mundo de novo. Não o mundo real, e sim o mundo que todos mereciam. Paz, amizade, felicidade.

Mas a Idade das Trevas era cruel, e essas coisas não tinham lugar. Paz não era o suficiente. Amizade não existia. Felicidade era ilusão.
Havenus percebeu isso e mais um pouco, quando tomara a frente de um golpe que não era pra ele.

Golpe terrível, fulminante. Mortal.

Havenus teve o deslumbre da visão do inimigo. Enxergou pelos seus olhos. Conectou-se com sua mente.
O inimigo o acertara em cheio, e ante a morte, percebera o erro. Sabia, e dissera para si mesmo:

“Tudo foi em vão.”